Modelo perfeito de devoto da Virgem Maria
Elias Profeta e Devoto de Maria
Santo Elias constituiu a primeira ordem religiosa que houve na História, antes mesmo do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo. Seus membros, que moravam nas encostas e no alto do Monte Carmelo, foram os precursores da Ordem do Carmo.
Foi ele um príncipe entre profetas, verdadeiro condutor do povo de Deus. Lutou contra os erros do seu tempo, num momento em que a nação eleita estava muito deteriorada, e salvou-a da ruína.
Escolhido para dirigir o povo de Deus num momento de hecatombe, ele concentrou em si todo o espírito que o Criador queria dar à nação judia a ser ressurgida.
Nesse espírito derivado da Providência Divina foi formada uma rede de eleitos, sendo o mais famoso deles Eliseu, que pediu o duplo espírito de Elias, e o obteve.
Plinio Corrêa de Oliveira (Extraído de conferência em 20-7-67)
O homem do Deus de Israel
A vida do Profeta Elias pode ser dividida em etapas: o enfrentamento com o Rei Acab e o arrebatamento num carro de fogo.
Na primeira delas, vemos Elias colocado diante do povo de Israel, bem amado de Deus, mas governado pelo Rei Acab, que por sua vez era dominado por sua esposa Jezabel, uma mulher ímpia. Esta havia introduzido o culto do deus imoral, Baal, entre o povo eleito.
Diante disso, Elias pregava contra Baal e fazia todo o possível para que o rei e a rainha se convertessem, dando assim o bom exemplo, e os judeus voltassem ao culto do verdadeiro Deus. Mas na realidade as palavras dele não tiveram resultado. Os soberanos continuaram na idolatria.
Compreende-se que dentro dessa situação de tal maneira péssima, a cólera de um homem altamente virtuoso como Elias atingisse limites extraordinários, pois não havia outro caminho. Começa ele, então, a dar o grande de sua vida.
“Quem sabe vosso deus está dormindo?”
Com efeito, naturalmente por ordem de Deus, ele trancou o céu e não choveu durante três anos. E aquele povo, que vivia da agricultura e da criação de gado, não conseguia mais se manter: as ervas definhavam, o gado não tinha o que comer; a fome, a desolação e a miséria se instalavam por todos os lados.
Passados três anos, por ordem de Deus, Elias foi ao encontro do monarca, desafiando os sacerdotes de Baal a uma confrontação no alto do Monte Carmelo.
Elias, com majestade, obteve a sua vitória sobre os baalitas:
“Escolham um novilho para o sacrifício e façam o altar! Depois iniciem vocês por pedir ao seu deus que envie fogo e consuma a vítima em holocausto. Eu farei depois o mesmo. O deus que ouvir será o verdadeiro”.
Eles começam a implorar, a chamar e a executar danças religiosas, provavelmente impúdicas, pois Baal era o deus da imoralidade e da imundície; nada acontecia. Elias debicava deles:
“Quem sabe se seu deus está dormindo! Gritem mais alto!”
E eles gritavam, dançavam com mais frenesi e começaram então a se cobrir de sangue, cortando-se, para que Baal ouvisse.
Mas, quando o sol chegou a pino, o prazo designado por Elias cessou.
Ele então, abstraindo da presença daquela gente, construiu um altar, molhou-o com abundância, para impedir qualquer dúvida de que houvesse algum artifício ou fraude, e depois invocou a Deus a fim de que fizesse descer o fogo do céu.
Imaginemos a grandeza da cena! O povo de Israel e diante dele um altarzinho singelo, mas enormemente respeitável, com um boi esquartejado em cima, tudo molhado e também cercado por um valo cheio de água; todos atentos.
Consideremos a majestade da hora da invocação de Elias. Homem venerável, já com a barba branca, provavelmente com uma túnica alva que lhe ia até os pés, ele reza ao Senhor, pedindo que afinal viesse o fogo do céu para provar ser Ele o verdadeiro Deus.
Elias, com uma prece simples, cheia de beleza, obteve a vinda do fogo. Podemos imaginar um fogo lindíssimo, com labaredas entre azul e vermelho, que desciam do céu e penetravam na carne daquele boi; um fogo de tal maneira devorador que consumiu as pedras do altar e fez evaporar toda a água colocada em torno dele.
À medida que o fogo descia, Elias se tornava mais majestoso e grandioso, e, quando tudo estava queimado, o povo reconheceu:
“Tu és verdadeiramente o homem do Deus de Israel”, prosternou-se por terra e adorou a Deus.
Ele será exatado!
A segunda fase da vida de Elias é misteriosa. Num carro de fogo, puxado por cavalos de fogo, ele é arrebatado num redemoinho.
Sua vida nos abre perspectivas certamente deslumbrantes. Porque para ser glorificado assim é preciso ter passado por humilhações sem conta. Só fundam as instituições muito seguras os homens que passaram por todas as inseguranças! Só fundam as nações muito intrépidas os homens que se expuseram a todos os riscos! Só abrem grandes sulcos de glória na História os homens que sofreram toda espécie de humilhações! “De torrente in via bibet, propterea exaltabit caput suum — Beberá da torrente no caminho; por isso, erguerá a sua fronte”(2). Quer dizer, trata-se de parcelas de gelo que se derretem e descem ao longo dos morros; e um viajante pobre e desamparado de recursos se põe de quatro para beber no chão, como um animal. Esse está no último da humilhação. Ele bebeu da torrente. Por isso, sua cabeça, sua fronte, será exaltada!
E sua glória se manifestou a eles
Devemos nos lembrar também de outro fato grandioso: Elias no monte Tabor, no dia da Transfiguração.
Que predileção extraordinária! Nosso Senhor Jesus Cristo vai Se transfigurando e sua glória interna vai se manifestando aos Apóstolos que não cabem em si de deslumbramento. Ao lado d’Ele duas figuras aparecem.
Nosso Senhor, não contente de manifestar a sua grande glória, quis mostrá‑la em dois servos eminentes, por Ele especialmente amados: Moisés e Elias.
Imaginemos todas as glórias que houve na História: os generais que obtiveram as vitórias mais brilhantes; os demagogos aclamados pelas multidões mais estrepitosas; os monarcas que receberam as homenagens mais reverentes; os sábios que tenham sido objeto de veneração dos homens mais ilustres e mais admirativos; os Santos diante dos quais se tenham dobrado as maiores multidões.
O que tudo isso representa em comparação com a glória de Elias ao lado de Nosso Senhor no Tabor?
Plinio Corrêa de Oliveira
(Extraído de conferências de 20/7/1991, 24/11/1990 e 20/7/1983)