Cristo, Rei do Universo!
Ele jamais será derrotado
Nosso Senhor é o centro de todas as coisas. Ele jamais poderá ser derrotado.
Tenhamos sempre em nossos pensamentos esta verdade. Assim nos será possível compreender como realmente são pequenos os fatos que às vezes nos angustiam e procuram bloquear o nosso horizonte.
Dr Plinio, em dezembro de 1985, assim inicia esta reflexão sobre a realeza de Nosso Senhora Jesus Cristo:
Segundo fotografias que vi de desenhos e pinturas nas catacumbas, não há nada que indique terem os católicos daquela época uma ideia clara de como foi a face de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Seria natural que, considerada a grande importância d’Ele, houvesse alguém de seu tempo — ou cem, duzentos anos depois de sua Morte — que tivesse feito uma representação de Nosso Senhor, pintada ou de qualquer outra forma.
Entretanto, apesar da carência desses documentos, de repente — não sei bem em que século da História da Igreja —, começam a aparecer imagens com a fisionomia que está no Santo Sudário.
Como terá se formado nas almas a figura de Jesus Cristo?
Alguém poderá responder: “Pela tradição.”
Sem dúvida, mas como é que a tradição se exprimiu?
Como se transmite pela tradição a figura de um rosto que não se pintou, não se esculpiu, e nem sequer documentadamente se descreveu?
O Evangelho é uma espécie de autorretrato de Nosso Senhor, não feito por Ele, mas com fatos de sua vida que dão a ideia de como Ele era, entretanto não são suficientes para compor o rosto de Jesus.
Depois de composta a face, lendo o Evangelho dizemos: “Não há dúvida, esse é o rosto d’Ele mesmo!” O Evangelho autentica a face, mas não dá os elementos para sua composição.
Vê-se que a graça continuou a fazer nas almas uma arquetipização(termo cunhado por Dr. Plinio para significar a procura da perfeição em todas as coisas) válida da figura do Redentor, à vista da iconografia muito insuficiente que havia, e essa arquetipização floresceu, de repente, no rosto d’Ele o qual conhecemos e que o Santo Sudário vem documentar.
Isso me parece uma prova criteriológica muito bonita do valor dessas sublimações movidas pela graça.
O Rei da Glória é o vencedor
Tomando Nosso Senhor como Ele foi, com toda aquela elevação, bondade, calma, distância, intimidade e tudo o mais, deduz-se que, ou o gênero humano é uma pagodeira sinistra, uma espécie de sarabanda do Inferno prenunciativa da que lá existe, ou tem que haver no centro e no ápice uma figura em torno da qual todos os homens se ordenem.
Quer dizer, há uma espécie de senso profundo do ser que, diante da Revelação, exulta e nos leva a exclamar:
“Sem dúvida, esse centro tinha que existir, não pode desaparecer; é Nosso Senhor. Ele tem que vencer, é o Rei da glória e as suas derrotas são aparentes, pois, no fundo delas, Ele é o vencedor, e sempre reaparecerá!”
O senso de que a História deve ter um futuro diferente, o porvir da ordem contrária à Revolução, vem deste senso de que Ele é o centro e não pode ser deslocado deste centro.
E, como não pode ser deslocado, a vez d’Ele chegará. Por isso, quando virmos uma pessoa inteiramente fiel a Ele — ainda que seja o último ser humano que se conheça — podemos afirmar com segurança: “Vai vencer!” (…)
Rei do Céu, que perdoa, redime e salva!
Em pequeno, tive a felicidade indizível de ser batizado, conhecer Nosso Senhor, de ser tocado pela graça da devoção a Ele, especialmente na atitude de mostrar o seu Coração. Foi como um encontro pessoal que me fez conhecer coisas as quais eu não conheceria se não tivesse encontrado a Ele. Isso é verdade.
Mas também é verdade que Nossa Senhora obteve que fosse posto em minha alma, pela inocência, um movimento metafísico fortíssimo para buscar o centro de todas as coisas, e que quando encontrou a Ele, de algum modo já estava aberto para ver isso n’Ele.
Não sei como agradecer à Santíssima Virgem de ter pedido e obtido isso para mim!
Mas vejo bem que se esta devoção a Ele vingou em mim, de um modo tão profundo e tão pouco vulgar para um menino daquela idade, foi porque já havia em minha alma um movimento para um maravilhoso, um absoluto, para uma coisa que a inocência me dava. E houve um encontro.
Seria, portanto, um pouco o homem que encontrou Nosso Senhor (…) E uma pessoa que queira me conhecer, deve notar esses dois movimentos na minha alma.
E daí ela mesma pode, através do conhecer-me, ser estimulada para uma e outra coisa. Não direta e exclusivamente para ver isso n’Ele, mas perceber a Contra-Revolução.
No ver a Contra-Revolução, contemplar a Nosso Senhor; e no ver a Ele, contemplar a vitória da Contra-Revolução e concluir: “Isso não pode ser derrotado!”
Contaram-me que no maremoto o mar recua, recua, e depois a fúria com que ele volta e a força de invasão é proporcionada ao poder de retração.
Podemos comparar isso à ausência de Deus no panorama moderno.
Também Nossa Senhora faz assim com seus seguidores perseguidos, chamados à bem-aventurança de sofrer perseguição por amor à justiça: Ela recua, recua…
Tomem cuidado, porque Ela deixa aqueles a seco, como um navio parado que ficou fazendo o papel ridículo de fantasma no meio de uma terra árida…
Mas quando o mar voltar, deve chegar onde nunca atingiria numa época comum!
Consideremos que Nosso Senhor disse o “Meu Deus, meu Deus por que me abandonastes” depois de ter previsto a glorificação d’Ele ao Bom Ladrão: “Hoje estarás comigo no Paraíso.”
Portanto, no meio daquela dor, Ele sabia que iria para a glória do Paraíso, e levaria São Dimas.
Ele foi, como Rei do Céu, abrindo as portas, absolvendo, perdoando o Bom Ladrão.
Assim, a primeira canonização que houve na Igreja foi do alto da Cruz, feita por Nosso Senhor diretamente.
Depois veio a Ressurreição, e todo o resto.