Conviver com Deus
Mais que um simples convite. É um chamado para todos nós!
No calendário litúrgico o mês de novembro brilha com a Festa de Todos os Santos.
Esta celebração foi estendida à Igreja Universal no século IX, a fim de homenagear a multidão dos justos: aqueles que habitam a Jerusalém Celestial, canonizados ou não, bem como os vivos que se encontram na graça de Deus e conservam a sua amizade.
Chamados para desfrutar de uma felicidade sem mancha, por toda a eternidade
Nesse sentido, esta efeméride entrelaça a Igreja Triunfante, cujos membros já receberam a palma da glória eterna, e a Militante, vivendo neste mundo na prática da virtude, à espera da felicidade futura.
Consiste tal celebração, portanto, em mais um apelo para a vocação universal à santidade, dirigido por Deus a todo homem.
Precioso convite ao nosso alcance e conforme aos melhores anseios de nossos corações, como salienta Dr. Plinio:
Por sua natureza, a criatura humana é dotada de possibilidades e valores os quais deve procurar cultivar e aperfeiçoar, caso deseje se realizar por inteiro. Nessa busca, ela não pode ter ambição mais bela e mais nobre diante de si, do que a de ser santa.
Enganar-se-ia quem pensasse ser o ideal da santidade exclusivo dos expoentes da humanidade que um dia chegam à glória dos altares.
Não. Pela ação da graça divina, todos podemos ser cortesões do Rei dos reis no Céu, desfrutando de uma felicidade sem jaça, imorredoura, pelos séculos sem fim. Todos fomos feitos para essa imensa, criteriosa, sábia, mas ousada aventura, na qual ordenamos nossa alma para Deus, a purificamos e embelezamos, dispondo-a à bem aventurança eterna, à corte celestial onde um assento nos está reservado.
É, pois, na esperança de podermos viver, de batalhar pela nossa santificação e de morrer na paz de Deus, confiantes em Nossa Senhora, agradecendo a Ela porque nos obteve graças para nos tornarmos outros heróis da Fé e príncipes do Céu, que devemos atravessar nossos dias neste chão de exílio.
Cumpre lembrar que a Festa de Todos os Santos precede a celebração da memória dos fiéis defuntos, ou seja, da Igreja Padecente no Purgatório, ela também partícipe desse hífen maravilhoso que liga a Terra ao Céu.
A grandiosa maravilha de ser Santo!
Quão sensível era Dr. Plinio a esse universo aberto, no qual a Igreja Triunfante e a Penitente se unem à Militante!
Entusiasmava-o sobremodo considerar essa grandiosa epopeia da santidade, a todo momento enriquecida pela ação da graça divina, dispensada a rogos de Maria em favor de todos, e impetrada por nossas orações, pelos méritos infinitos do Santo Sacrifício de Jesus renovado nos altares do mundo inteiro, assim como pela intercessão de nossos Anjos da Guarda e padroeiros celestes.
Exclamava Dr Plinio:
É uma situação simplesmente admirável a que somos chamados fazendo-nos santos, postos na visão e na adoração contínuas da Trindade Santíssima!
E o homem que santificou sua alma, no instante de transpor os umbrais da eternidade poderá dizer as palavras mais magníficas que imagino postas nos lábios de um moribundo, repetindo São Paulo:
“Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé; resta-me agora receber a coroa da justiça, que o Senhor, justo Juiz, me entregará naquele dia!” (II Tim 4, 7-8).
Rezemos e rezemos muito para elas nos levarem ao Céu!
O culto de todos os Santos envolve o culto a todas as almas que estão no céu, ainda que não tenham sido canonizadas.
Em algum sentido da palavra, qualquer alma que esteja no céu, que se tenha salvo, é uma alma santa.
Está na presença de Deus, vê Deus face a face e agrada a Deus inteiramente e naturalmente o número de pessoas que estão no céu é um número incontável.
A todas estas almas nós temos razões para rezar, nós temos razões para pedir a proteção delas, mas há, naturalmente, algumas almas que têm conosco uma relação especial e que, se bem que não nos tenham conhecido nesta vida, nem nós as conheçamos, por esta relação que têm conosco, evidentemente são intercessoras junto [a Deus por] nós.
Devemos confiar e recorrer para que estas almas zelem por nós e que nos levem para o céu.
Santa Teresinha do Menino Jesus tinha um culto muito bonito para os irmãos dela mortos batizados, mas antes da idade da razão. Ela dizia que eram os santos da família dela: a família dela iria produzir uma santa muito maior do que tudo isto, mas eram santos da família dela.
Todos nós temos em nossas famílias pessoas que morreram assim, em idade prematura, e que realmente têm esta graça: são batizados e vão diretamente para o céu sem terem sofrido.
Para todos estes nós devemos rezar e rezar muito: são aqueles que a Igreja cultua no dia de todos os santos.